Outros ritmos
As
origens da chilena ou cueca tradicional se encontram na tradição oral recebida
do povo árabe-andaluz que acompanhou o conquistador na sua passagem ao Novo
Mundo, a que mantém a herança poético-musical árabe chegada à Península Ibérica
a partir da dinastia dos Omeya, no século VIII.
A versão mais comum sobre a
origem da cueca diz que ela está relacionada ao ritmo zamaceca peruano, uma
versão sul-americana do Fandango espanhol influenciada pelo crioulo africano.
Na
América se preservaram traços musicais provenientes da herança musical de uma
Espanha tridimensional: cristã, judia e muçulmana. Essa tradição se manteve
principalmente por meio da mestiçagem racial e cultural que caracteriza o
continente, especialmente por via paterna, e chegou com notável fidelidade até
os dias atuais. Graças à persistência da tradição oral é possível recuperar e
reconstruir versões originais de espécies que já desapareceram nos seus lugares
de origem e que se mantiveram no tempo, com uma enorme força de identidade.
Durante
o período colonial, essas expressões tradicionais se mantiveram na penumbra,
toleradas oficialmente como bailes da terra, alcançaram novo vigor com o
processo da independência, para serem posteriormente perseguidas pela sua
imensa capacidade de coesão e identidade; justamente pela condição insular do
Chile, preservou a sua força mestiça e a tradição árabe-andaluz recebida a
partir da Conquista.
A
chilena ou cueca tradicional interpreta e trata de reproduzir a perfeição do
universo criado por Deus, suas relações matemáticas e a harmonia da evolução
dos corpos celestes; há, assim, uma verdadeira interpretação da chamada música
das esferas expressa na cultura.
A cueca revela importantes relações com outras
espécies musicais da tradição popular, tais como a cumbia, a tonada, o tango, a
marinera - que não é outra coisa que a cueca -, a valsa e a canção, assim como
com jogos populares que poderiam se denominados de cosmológicos.
O
encontro do andino e do ocidental deu origem no Peru a mais de 1.300 gêneros
musicais. Mas deles ultrapassaram o âmbito regional e se converteram em
símbolos da identidade peruana: o huayno e a marinera.
A capacidade para a fusão e inovação musical exprime vivamente a força
integradora e o caráter dinâmico da cultura peruana.
A
marinera, o festejo, o tondero e a polca são elementos dessa manifestação
cultural costeira, ainda que, com o passar dos anos estas formas tenham
evoluído, tanto na sua interpretação como no ritmo e na dança.
Nesta
amálgama de ritmos que dão origem à marinera, figura também a expressão
indígena nesse "AI!" dolorido que rasga o ritmo, que sonha com a
tristeza de um lamento e o protesto de um povo que sentiu a opressão.
A
marinera, dança típica peruana, ocupa um dos primeiros lugares no folclore
nacional peruano. É reconhecida como o baile nacional por excelência e o seu
ritmo e coreografia sintetizam a alma mestiça peruana.
Sendo o Perú um país de muitas regiões e diferentes
culturas, desde a costa à serra e à selva, oferece uma imensa variedade de
estilos musicais, que repousam nas raízes profundas da música crioula.
O
merengue é nacionalmente Dominicano, mas também conhecido em Porto Rico, Haiti
e Venezuela. A sua origem foi uma dança cioula, e sua primeira referência
escrita data do século XIX.
Na
sua forma tradicional, o merengue, chamado Merengue Ripiao, é tocado por três
instrumentos básicos, expressão das influências culturais, nas quais se
misturam o aborígene, representado pela guira, o africano pelo tambor e o
europeu pelo acordeão, que introduzido no final do século passado, substituiu
rapidamente o Cuatro. A letra expressa em coplas e estribilhos refere-se a
assuntos da vida quotidiana. Toda a música é escrita a um ritmo de 2 x 4.
Este
merengue de origem popular e expressão rural, tardou muito tempo até ser
adotado pela classe alta nos salões de baile, reação esta que foi vencida,
pouco a pouco, pelo sabor e poder de sedução do seu ritmo e graças à grande
contribuição do Maestro Luis Alberti que compôs merengues para serem tocados
pela sua orquestra, nos grandes salões. Nasceu assim, o merengue de salão,
aceite pela "boa sociedade dominicana", tocado com "letras
decentes" e às quais os músicos populares trataram de dar continuidade.
Estas duas formas bem diferenciadas do merengue coexistem hoje na República
Dominicana, sendo a segunda mais difundida, tanto a nível nacional como
internacional.
O
tango apareceu em Buenos Aires a partir do final do século passado derivando da
habanera, da milonga e de certas melodias populares europeias.
É
a partir do fim de 1880 que surge o tango como música. A coreografia que se
dançava era totalmente improvisada, com muitas paradas chamadas
"cortes" (o dançarino parava de dançar para fazer poses com a sua
parceira) e "quebradas" ( movimentos de cintura imitados dos negros).
Os pares dançavam muito unidos, o que era escândalo para a época. É desta época
a figura chamada de "parada".
Nas
duas décadas seguintes, o desenho realizado no chão com os pés é o que é
valorizado na dança. É desta época os passos denominados "meia-lua" e
"oito". Nesta fase os pares se distanciam e os corpos formam um arco,
provavelmente em função da criação do desenho no piso. Entre 1920 e 1940, a
postura dos dançarinos se modifica mais uma vez, tornando-se mais elegante; é
quando surge o tango de salão. Já não interessa apenas o dançar e sim como
dançar. É na década de 40 que se inicia a massificação do ritmo, pois foi
quando mais se dançou o tango. Porém não houve um ganho na qualidade. Apenas
nas décadas de 50 e 60 que os famosos "ganchos" e suas variações- tão
popularizados no tango de apresentação- aparecem. Em 1970 a maior influência que
o ritmo sofre é a do ballet clássico.
Com a grande emigração de europeus, a música e dança foi como que “contaminada”
por outros gêneros musicais, tais como a “habanera” e a “milonga”. O primeiro é
um ritmo de origem afro-cubana que foi levado para a Espanha e que, modificado,
retornou à América. É uma música de compasso binário, com o primeiro tempo
fortemente acentuado, com uma curta introdução seguida de duas partes de oito
compassos cada uma, com modulação do tom crescente. O segundo é um canto e
dança da Andaluzia que, nos fins do século XIX, se popularizou nos subúrbios de
Montevidéu e Buenos Aires. A fusão dos tambores com a habanera, com a milonga e
com ritmos de origem européia, resultou em um som mestiço, em um ritmo menos
sexual mas ainda sensual.
Quanto à expressão “tango”, em diversos dialetos de
regiões de onde provieram os mais significativos contingentes de escravos
vindos para a América (Congo, golfo de Guiné e Sudão meridional), significa
lugar fechado, círculo e esconderijo. Os traficantes se apropriaram do termo
para identificar os locais de concentração de escravos, antes do embarque e
após o desembarque. Na América o termo teve vários significados, porém sempre
diretamente ligados aos escravos africanos ou aos seus costumes e cultura:
reunião de escravos boçais, local de bailes, música de escravos. Hoje, a
palavra tango significa essencialmente música nacional Argentina.
Cumbia
é um dos principais marcos da expressão africana na América, já que os
"fundadores" foram os descendentes de escravos colombianos vindos da
África.
A
palavra cúmbia vem de cumbé, que significa festa. É originaria da parte alta do
vale do río Magdalena (Colômbia), da zona geográfica denominada a depressão
momposina, e mais precisamente da zona correspondente ao país indígena Pocabuy
(incluídas as culturas das sabanas e do Sinú) que esteve conformado pelas
atuais populações de El Banco, Guamal, Menchiquejo e San Sebastián no
Magdalena, Chiriguaná e Tamalameque no Cesar e Mompós, Chilloa, Chimí e Guatacá
no Bolívar.
A
forma mais autêntica de a cumbia é exclusivamente instrumental, executada e
seguida tradicionalmente por o conjunto de tambores: chamador, alegre, tambora,
assim como a flauta de milho o as gaitas, macho e hembra, as maracas e el
guache. A cumbia cantada é uma adaptação relativamente próxima em que o canto
de solistas e coros ou quartetos se alternam à da flauta de milho ou das
gaitas. O conjunto de cumbia é uma ulterior evolução do originário conjunto da
tambora, estando o conjunto de tambora conformado por o tambor alegre e o
chamador e, em alguns casos, pela tambora. É um baile meramente cantado, como o
chandé, com suas palmas e coros, junto ao qual logo se somaram os pitos das
gaitas ou dos milhos.
Os
africanos que chegaram como escravos a estas regiões, ao contar a historia de
seus grupos étnicos e aqueles feitos famosos dignos de guardar na memória, se
serviam de certos cantos que distinguiam com o nome de “areítos”, que queria
dizer, Bailar cantando: Pondo no alto as candeias, levavam o coreo, que era
como a lição histórica que, depois de ser ouvida e repetida muitas vezes,
ficavam na memória de todos os ouvintes.
A cumbia é uma dança e ritmo com conteúdos de três
vertentes culturais distintas, a saber: negra, branca (espanhola), e indígena,
sendo fruto da larga e intensa miscigenação dada entre estas culturas durante a
conquista e colonização das terras americanas.
Reggae - Jamaica
O
reggae é um gênero musical que tem suas origens na Jamaica. O auge do reggae
ocorreu na década de 1970, quando este gênero espalhou-se pelo mundo.
É
uma mistura de vários estilos e gêneros musicais: música folclórica da Jamaica,
ritmos africanos, ska e calipso. Apresenta um ritmo dançante e suave, porém com
uma batida bem característica. A guitarra, o contrabaixo e a bateria são os
instrumentos musicais mais utilizados. As letras das músicas de reggae falam de
questões sociais, principalmente dos jamaicanos, além de destacar assuntos
religiosos e problemas típicos de países pobres.
Na
década de 1950, começam surgir os grandes nomes do reggae como, por exemplo,
Delroy Wilson, Bob Andy, BurningEspear e Johnny Osbourne, e as bandas The
Wailers, Ethiopians, Desmond Dekker e Skatalites. Nesta época, grande parte das
rádios da Jamaica, de propriedade de brancos, se recusavam a tocar reggae.
Somente a partir da década de 1970, o reggae toma corpo com cantores que ganham
o mundo da música. Jimmy Cliff e Bob Marley tornam o reggae um estilo musical
de sucesso no mundo todo. Em 1971, a música I CanSeeClearNow de Johnny Nash,
assume o topo na parada musical de várias rádios na Inglaterra e Estados Unidos
Existem
muitas versões para a origem do nome reggae, entretanto a mais aceita é a que
este seria uma adaptação da palavra “ragged”, que indica uma roupa suja e
rasgada ou a pessoa que a usa. O nome é uma indicação clara das origens do
reggae, que nasceu nos barracões de zinco das favelas jamaicanas, em um período
de intensa experimentação musical, absorvendo as contribuições do ska e do
rocksteady e canalizando tudo em um novo gênero musical.
Joropo
é, por excelência, a dança típica da Venezuela, embora também sejam destacadas
a Salsa e La Locaína. Alguns acreditam que a palavra Joropo provém de xarope,
palavra árabe que significa jarabe (bebida, porção). Além disso, pensa-se que o
Joropo veio da Europa, pois possui formas e maneiras semelhantes ao flamengo e
a outros bailes da região da Andaluzia, na Espanha. Essa semelhança se deve à
fusão cultural que se deu na Venezuela à época da colonização.
Existem
três tipos de Joropo. O de Llanero, que se caracteriza por sapateado forte do
homem e passos muito sutis da mulher). Já o Tuyero central, comum na parte
central do país, é mais pausado, mas seu ritmo é mais acelerado. E há também o
Oriental, que se usa para celebrar a Cruz de Mayo, na parte Leste do
país.
Os
dançarinos ficam em um círculo e giram ao contrário dos ponteiros do relógio,
formando figuras tradicionais. O homem guia a mulher e esta o segue. São quatro
os instrumentos típicos para se tocar o Joropo: o bandolim, uma espécie de
viola, um tipo de harpa e as maracas.
Na
verdade,oJoropo não é só um estilo musical, também é dança, e representa uma
festa popular, é um baile alegre e divertido e reúne seus participantes,em cada
zona geográfica toma sua própria essência, e e desenvolve diferentes figuras e
passos em cada lugar, existindo assim figuras básicas que os identificam..
Não
é por acaso, aliás, que Niento não reluta em afirmar: “El Joropoesel alma de
Venezuela hechacanción”.
Salsa, em castelhano, significa "tempero", e a adoção do nome quis transmitir a idéia de uma música com "sabor". Resultado da mescla e da fusão de distintos gêneros da música cubana, principalmente o Son (conhecido como a salsa cubana - originou-se do danzón, dança parecida com um bailado medieval, uma mistura de derivados hispânicos e elementos africanos, bastante praticada em Cuba no século XIX), e a Rumba e seus derivados, com elementos de outros gêneros caribenhos como a Bomba, a Plena, a Cumbia, de gêneros latino-americanos como o Samba e o Tango.
Podemos dizer que a Salsa é música, principalmente, do Caribe mulato com perspectiva pan-americana criada em um meio social pluricultural e hostil a novas tradições e costumes.
O ritmo nasceu nos campos do oriente cubano nas comunidades rurais (não muito longe de Santiago e Guantánamo), na segunda metade do século XVIII, tendo como antecedentes a influência hispânica, francesa e logicamente africana. Devido a essa união perfeita, ao chegar nas cidades no início do século XIX se converteu rapidamente no favorito de todos. No seu início, a Salsa foi duramente criticada , pois era música irreverente proveniente do subúrbio, seu impacto em Nova York e em todo o Caribe foi avassalador.
Em 1909 fez sua entrada em Havana, nas mãos dos soldados do exército permanente do governo da época. Mas não é até 1920 que aparece o Sexteto Habanero, um grupo que marcou o estilo que se distingue do son, formato que predominou nos grupos dessa época era: Contrabaixo, Três (guitarra que tem 3 pares de cordas), Guitarra, Cravo, Maracas, Voz e uma Trompete (opcional).
Nos anos 60, ocorreu um fenômeno denominado salsa boom: foi quando este ritmo começou a ser tocado e dançado em diversas partes do mundo. No final da década de 70, a salsa abandonou os temas que abordavam a realidade dos bairros latinos em favor de letras românticas. Com isso, apesar das críticas, o ritmo começou a mudar de estilo. Atualmente, Miami e Porto Rico são os lugares onde aparece uma salsa moderna, enquanto em Cuba, devido ao regime político, o ritmo estagnou-se.
TEXTO TIRADO DE
http://ritmosdaamericalatina.blogspot.com.br/2008/11/como-surgiram-os-diferentes-ritmos.html
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